Hoje
decidi fazer uma pequena reflexão sobre um assunto muito badalado ao longo
deste ano, nomeadamente na comunicação social: a privatização da RTP, com base
numa notícia publicada num blogue no dia de hoje com o nome “O fim da RTP como
nós a conhecemos”.
Como
todos sabemos, a RTP foi o primeiro canal público português, contando já com
mais de 50 anos e que se fundiu em 2004 com a RDP (estação de rádio
correspondente), dando origem a uma única empresa pública, aquando da sua
reestruturação, deixando de corresponder a duas entidades jurídicas
independentes e distintas.
Maioritariamente
informativo, foi acolhendo na sua programação outros conteúdos, como
documentários, séries e filmes, portugueses e internacionais, sendo vista por
milhares de pessoas todos os dias.
De há
uns anos para cá, este canal viu-se obrigado a adoptar um novo plano de reestruturação
financeira, plano esse que tem vindo a cumprir, segundo consta, escrupulosamente.
Ora, mais recentemente, chovem notícias sobre receios da intenção de “instrumentalizar”
a informação, dada a recorrência de os canais privados estarem ligados a grupos
de media.
Refere
o blogue produtor do texto em análise, o facto de os serviços da RTP, após o
aparecimento dos canais privados se ter, de certa forma, degradado, contando
actualmente com um único director de programas a supervisionar a programação
de todos os canais (RTP e canais adstritos) e um director-geral de conteúdos
que, interinamente, assumiu a duração de informação.
A
privatização da RTP, canal público desde o seu aparecimento, há mais de um
século implicará o fim do mesmo como o conhecemos, senão vejamos:
A
decisão de privatizar a RTP não poderá ser tida como tendo subjacente um
objectivo financeiro e, claramente prejudica o regime democrático e o interesse
de todos os portugueses não assegurando «a preservação de um espaço de
comunicação que não seja (des)nivelado - e ajoujado - por audiências acéfalas
ou por agendas políticas e empresariais. O serviço público de televisão é um
dos pilares do Estado democrático, não é para passar a patacos ou para patacos
dar.» (in Jornal de Negócios)
Por
outro lado, um serviço público de informação como o da RTP permite a existência
de conteúdos importantes, suscitantes de pluralidade de opinião, com
diversidade das ofertas, nomeadamente culturais e educacionais a que mais
nenhum dos outros canais recorre, bem como outros conteúdos de que a cidadania
precisa e que contribuem para a instrução da população, quanto mais não seja, a
nível de cultura geral. Afinal, se pensarmos no assunto, os grandes programas
sobre política que se debruçam sobre assuntos do dia-a-dia, são completados e
balanceados com programação diversa, desde as artes (cinema e teatro) a
documentários históricos e conteúdos musicais.
Além disto,
é um dever da Administração, assegurar o princípio da acessibilidade universal
a conteúdos plurais, algo que só consegue fazer no caso de a RTP permanecer como
entidade pública (ideia presente num texto assinado por um “docente da
Faculdade de Direito de Lisboa”).
Acresce ainda que, conforme já referi, a RTP é um canal público por excelência e que identifica com tal denominação, não padecendo de quaisquer intervenções privadas.
Por
fim, penso que uma medida como a privatização implicaria o fim de um jornalismo
asseguradamente livre e independente, não querendo com isto dizer que outros
não o são, mas a realidade é que os canais privados muito mais facilmente
estarão sujeitos a pressões exteriores que lhes limitam o exercício do bom e
imparcial jornalismo.
Desta
forma e acreditando, no entanto, que haverá muitos argumentos a favor da
privatização, penso que a RTP, enquanto canal com uma história rica, livre,
habituado a informar idoneamente os cidadãos, e com diversidade de temáticas na
sua grelha, deverá permanecer assim, enquanto meio público.
http://blogues.publico.pt/aminhatv/2012/11/30/o-fim-da-rtp-como-a-conhecemos-e-isso-nao-e-bom/
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